CORUMBÁ (MS): A Polícia Civil de Corumbá elucidou o crime de latrocínio do taxista CLAUDINEI GUERREIRO ZORIO (64), ocorrido no dia 09 de março de 2016, quando o mesmo teria sido vítima de uma emboscada armada para roubarem seu taxi, um Chevrolet Ágile Branco, e na quarta-feira (23/03), foi promovido a realização da produção simulada dos fatos.
Os trabalhos tiveram início ainda na madrugada quando por volta das 05 horas da manhã os peritos refizeram o trajeto de Claudinei Guerreiro até o local onde o crime teria ocorrido.
Entenda o caso
O fato teve início na parte alta da cidade onde os autores EDGAR SOUZA DE ARRUDA (26) e sua companheira INGRID DA SILVA SOARES (23), grávida de seis meses, teriam contratado o serviço de táxi da vítima, com o pret
exto de que seguiriam até o Centro de Saúde da Mulher no centro da cidade.
De acordo com o Delegado responsável pelo caso, menos de cinco metros após terem embarcado no veículo, o roubo foi anunciado e Claudinei iniciou uma luta intensa pela defesa da vida.
Após matarem a vítima, Ingrid e Edgar tentaram limpar as manchas de sangue do veículo – um Agile – lavando o carro num minadouro de água encontrado na rua, no bairro Aeroporto. Eles também se livraram dos pertencentes pessoais de Guerreiro, como o celular, e fugiram para a Bolívia pela estrada de acesso à Agesa (Armazéns Gerais Alfandegados).
A reprodução simulada dos fatos serviu para esclarecer algumas controversas que havia nos depoimentos dos autores, e ainda elucidar pontos cruciais para o esclarecimento do inquérito policial que apontou ainda, que o crime foi cometido com requintes de crueldade por parte da dupla.
“Estamos reunidos desde as 05 horas da manhã com toda equipe e ainda o apoio da Agetrat, para definirmos algumas controversas que tinha no depoimento dos dois presos, isso foi fundamental para delimitarmos como foi o requinte de crueldade que teve neste crime, tivemos momentos que até a equipe policial se consternou com a situação diante da luta da vítima pela vida. Isso ficou muito claro para nós, e isso vai ser reproduzido no laudo pericial que nós vamos anexar no inquérito policial que já tem bastantes provas, desde o início, como a identificação dos dois que já havia sido repassada para a Polícia boliviana na quarta-feira passada, testemunhas e provas técnicas”, disse o delegado, afirmando que Claudinei foi rendido com duas facas encostadas em seu pescoço e na cintura.
Com um golpe fatal na carótida (vaso sanguíneo situado no pescoço e que leva sangue ao cérebro) da vítima e outros quatro golpes de faca ao longo do corpo [o taxista foi rendido]. A vítima levanta, é empurrada pelos dois para fora do veículo e cai em meio à BR. Se levanta sangrando, se joga em cima do capô do veículo para impedir que eles prossigam. Ainda conseguiu dominar a faca do autor e cortou a Ingrid, ela está com um corte no braço. Isso representa a luta dele pela vida. Na continuidade [da reconstituição], delimitamos a chegada da vítima até o local onde foi encontrada, ele foi cambaleando e caiu nas proximidades da BR”, contou o delegado.
A Polícia Civil também já sabe que a dupla não agiu sozinha e contou com a participação de uma terceira pessoa que seria primo da mulher. O delegado informou que o mesmo já foi identificado e a representação pela prisão preventiva dele já foi solicitada.
“O poder judiciário acreditou no nosso trabalho e aceitou a representação da prisão dos autores e agora tem um trabalho de continuidade das investigações, já sabemos que existe um terceiro indivíduo e estamos representando pela prisão preventiva dele também, o mesmo já foi identificado é um boliviano que foi quem encomendou toda a ação criminosa”, ressaltou Gustavo de Oliveira Bueno Vieira.

Toda ação foi premeditada e encomendada por um cidadão de nacionalidade boliviana que seria primo da autora. Dele teria partido o pedido para que o roubo fosse efetuado, inclusive com a escolha pelo carro da vítima sendo feita por ele, que chegou a enviar fotos do veículo pelo WhatsApp. “Toda esta violência que presenciamos aqui agora foi encomendada de dentro da Bolívia por um indivíduo que é primo da Ingrid (autora presa) e nós vamos acabar com essa idéia de que lá é a receptação, no meu modo de entender ele é partícipe do crime de latrocínio, que é o roubo seguido de morte que ele instigou a prática de tudo isso que nós vimos aqui”, afirmou o delegado enfatizando que o cidadão boliviano também deverá ser indiciado pelo crime de latrocínio.
A reconstituição foi importante no inquérito, pois deixou clara a participação de cada indivíduo dentro da cena do crime conforme explicou o delegado responsável pelo caso.
“A ação foi programada através do WhatsApp com este terceiro indivíduo com envio da fotografia do veículo da vítima, ou seja, o que comprova a encomenda que inicialmente seria pago a importância de U$ 5 mil dólares pelo carro. O Edgar então teria se aproximado do ponto onde ficava o taxista pego um cartão da vítima, por volta das 16h30 da tarde e quando foi por volta das 19h, ele ligou perguntando se o Claudinei faria uma corrida para ele e para esposa para levar ela até a saúde da mulher. Diante disso o taxista afirmou que faria a corrida e que era para ele voltar a ligar, quando foi por volta das 05h15 da manhã ele telefona novamente para o taxista que se desloca até o local onde fizemos a reconstituição e menos de cinco metros após o local do embarque foi o local do crime, então as facadas aconteceu naquele local, ficou claro a demonstração de que a vítima lutou até o último minuto pela vida e pelo seu bem, então diante de todas as circunstâncias de que nós apuramos, estamos concluindo ainda com a participação deste terceiro indivíduo, não como receptador e sim como latrocida como partícipe dessa ação toda”, concluiu o delegado.