CAMPO GRANDE (MS): Equipe do SAMU baseada no Distrito de Anhanduí apresentou na Santa Casa de Campo Grande, por volta de 4h43min do dia 4 de fevereiro, RAMÃO FERREIRA GONÇALVES, 63 anos, com várias lesões decorrentes de agressão física, segundo informações dos atendentes.
Aos socorristas, que buscaram a vítima em área de mata na Fazenda Cascatinha, localizada a 4 Km à frente do posto de pedágio da CCR MSVia, na BR 163, testemunhas informaram que Ramão havia ingerido muita bebida alcoólica, caído e fraturado o nariz na queda.
O corpo da vítima foi enviado ao IMOL, que ao examinar constatou que o mesmo apresentava equimoses assentadas em ambos os olhos, presença de hemorragia na região, grande hematoma em toda a parede anterior do tórax, hematomas nas regiões laterais do pescoço, fratura completa do 6º arco costal anterior esquerdo e presença de 3 litros de sangue na cavidade abdominal, sugestivo de forte hemorragia interna.
Diante das informações técnicas, as testemunhas, que estavam com a vítima no local dos fatos, foram intimadas para prestar depoimentos.
A versão inicial é de que ao chegarem na fazenda por volta de 8h30min NILTON CESAR DOS SANTOS (46) e um funcionário, que figura como testemunha, foram retirar a cerca velha existente. RAMÃO permaneceu no acampamento ingerindo bebida alcoólica, já que não havia madeira nova para ele construir a cerca. Ambos retornaram as 17h e Ramão estava dormindo. Ele acordou por volta de 22h pedindo água, vomitando, urinando e defecando na roupa que trajava. Segundo Nilton, Ramão apresentava inchaço na região do pescoço para cima, sangue lhe escorria dos olhos e nariz, sem que houvesse ferimento e ele entendeu que poderia ser um AVC.
Inicialmente, a outra testemunha apresentou versão semelhante, mas ao ser confrontado com o laudo necroscópico, que contém várias fotografias coloridas do corpo da vítima, confessou que na verdade a única pessoa que trabalhou na data dos fatos fora ele, já que Ramão e Nilton permaneceram no acampamento ingerindo pinga. Quando a testemunha retornou por volta das 17h viu Nilton com um pedaço de madeira agredindo Ramão que já estava caído sobre um colchão.
Indagou o que havia ocorrido, mas Nilton não lhe respondeu. A testemunha sugeriu socorrerem a vítima, mas Nilton determinou que deixasse Ramão ali, onde esse permaneceu caído no colchão, gemendo, enquanto Nilton foi pescar, retornou com um peixe, que cozinhou.
Ramão ingeriu o resto do almoço e vomitou tudo. Por volta de 22h sua situação piorou e Ramão passou a pedir água. A testemunha insistiu e Nilton concordou em buscarem socorro, onde criou a estória da queda da vítima.
Nilton, mesmo sendo o patrão da vítima, se negou em acompanhá-la na viatura do SAMU. A vítima veio a óbito na Santa Casa por volta de 12h35min, mas Nilton avisou os familiares de Ramão por volta das 11h do dia 04/02/17, onde disse que a vítima levara um tombo e estava na Santa Casa, sem fornecer maiores detalhes.
O caso foi esclarecido pelos policiais da 4ª Delegacia de Polícia, em investigação coordenada pela delegada Célia Maria Bezerra da Silva.
Mesmo diante de todas as evidências, Nilton, também conhecido como ZÉ DO ROLO, negou a autoria delitiva, mas foi indiciado pelo de crime de homicídio doloso, com pena prevista de seis a vinte anos de reclusão.